O mundo mudou, a mulher também, mas seus direitos…

Por: Cecilia Queiroz

Basta olhar para os lados para ver que, aos poucos, o mundo que conhecemos no século XX vai ficando para trás. Os conglomerados que ocupavam quarteirões imensos estão morrendo e dando lugar a empresas e start ups bem sucedidas, com um conceito diferente de fazer negócio. Elas possuem milhões de faturamento, sedes não tão grandes e milhares de colaboradores e clientes. Uber, Airbnb, Amazon e Google são apenas alguns exemplos de empresas que lucram milhões, atendem necessidades bem focadas e atuam em dezenas de países. O mundo mudou, a mulher também, mas seus direitos…

Para ocupar muitos postos de trabalho no século passado, bastava saber datilografia. Ser universitário era um plus. E se soubesse um idioma, então, tinha posto de liderança quase que garantido.

A nova realidade

A realidade hoje é bem diversa. Não importa muito a profissão. Da atendente de um hospital a um caixa de loja, saber datilografia – que ficou ultrapassada e virou digitação – é “default”. Dominar todos os programas básicos de computação também. E se souber transitar nas redes sociais, falar inglês fluente e mais um idioma, ótimo. Mesmo que no trabalho esses idiomas nunca sejam requeridos.

Sociedade mais tolerante

A sociedade preconceituosa que não aceitava filhos gays, que torcia o nariz para mulheres que se casavam com homens divorciados “atrás da igreja”, que rejeitava filhos de desquitados e expulsava de casa grávida  sem marido, agora aceita de tudo. As filhas podem dormir em casa com seus namorados, a mulher pode se expressar livremente, homem pode casar com homem, mulher com mulher e as pessoas que se declaram não heterossexuais são aceitas, reconhecidas e muitas associações LGBT ou LGBTT2QQIIAPA brigaram e ainda brigam por seus direitos.

As pessoas podem falar abertamente sobre sexo, também podem assistir cenas “calientes” na televisão e  falar palavrões. Ser desbocado não é mais um dos méritos da Dercy Gonçalves.

Profissionais

As mulheres semianalfabetas e tolhidas por seus maridos, pais ou irmãos agora são profissionais destacadas em diversas áreas e ostentam seus diplomas de mestres, doutoras, pós-doutoras e políticas. Sim, elas conquistaram o direito de influir diretamente na vida de outras pessoas e pouco a pouco vão ocupando mais  assentos.

Parece que tudo aconteceu por um passe de mágica. As crianças de hoje nem sonham que muitas mulheres foram castigadas e trancafiadas por décadas para que hoje qualquer uma possa pegar sua bolsinha e dizer “fui”.

Violência  persiste

Também parece que todas essas conquistas estão solidificadas e que olhando-se a rua, com milhares de mulheres dirigindo carros e empresas, escolas e departamentos, vivemos o novo mundo. Só que não. A máscara social esconde o horror que mulheres vítimas da violência doméstica – aquelas que apanham diariamente de seus companheiros, pais e até filhos – escondem. O raio X das cidades também não mostra o dia a dia das que sofrem estupros na rua, no trabalho e em casa, abusadas por estranhos, por seus maridos, padrastos ou vizinhos.  Mulheres também são bolinadas nos ônibus, metrôs ou trens, são moralmente humilhadas em seus locais de trabalho, ou sexualmente assediadas por seus chefes ou patrões.

O discurso machista diz que elas pedem, elas provocam, elas se mostram… É difícil romper a barreira das verdades que são alimentadas há séculos. A representação política da mulher ainda é quase zero. Mesmo tendo cota nos partidos políticos, o espaço ocupado é ínfimo. É, como se diria antigamente, trabalho de formiguinha. Muitas trabalhando muito para mostrar um pouquinho de resultado, um avanço aqui, outro ali, devagar, progressivamente e sempre.

Falta engajamento, falta educação e falta foco. Mas não falta vontade. Com certeza, o espaço ocupado ainda é irrisório perto do que é de direito. São muitos os direitos violados. E muitos os direitos adquiridos e não cumpridos. Mas as mulheres vão assim, devagar e sempre, apanhando, levantando, tentando punir, punindo às vezes e conquistando seu espaço.

 

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